O Papa Francisco suspendeu
nesta segunda-feira (18) a proibição que vigorava contra a beatificação do
arcebispo salvadorenho Óscar Romero (1917-1980).
Durante
anos, a Igreja Católica bloqueou o processo por temor de que Romero tivesse
ideias marxistas.
Crítico
aberto do regime militar durante a sangrenta guerra civil de El Salvador,
o arcebispo foi assassinado enquanto celebrava uma missa em 1980. Ele tinha 62
anos.
Na
Igreja Católica, a beatificação – cerimônia na qual o papa declara digna de
veneração alguma pessoa falecida - é o passo anterior à santificação.
Romero
era um dos principais advogados da chamada "Teologia da Libertação" –
uma interpretação da fé cristã por meio da perspectiva dos mais pobres.
Esquadrões de morte
O Papa Francisco afirmou esperar uma mudança no processo de beatificação. "Para mim, Romero é um homem de Deus", afirmou o pontífice a jornalistas dentro do avião que o trazia de volta a Roma de uma viagem à Coreia do Sul.
O Papa Francisco afirmou esperar uma mudança no processo de beatificação. "Para mim, Romero é um homem de Deus", afirmou o pontífice a jornalistas dentro do avião que o trazia de volta a Roma de uma viagem à Coreia do Sul.
"Não
há nenhum problema doutrinal e isso (a beatificação) deve ser feito
rapidamente", acrescentou Francisco.
Então
arcebispo da capital San Salvador, Romero denunciou a formação de esquadrões de
morte de direita no país e a opressão contra os pobres. Em seus discursos, o
religioso costumava pedir o fim de toda "violência política".
Cerca
de 75 mil pessoas foram mortas durante a guerra civil de El Salvador, que
começou em 1980 e terminou em 1992 com um acordo de paz mediado pelas Nações
Unidas.
Romero
foi assassinado no dia 24 de março de 1980, após terminar uma missa na capital
do país, San Salvador. Até hoje, ninguém foi preso pelo crime.
Em
2010, o então presidente de El Salvador, Mauricio Funes, o primeiro líder de
esquerda a ser eleito desde o fim da guerra civil, emitiu um pedido de
desculpas oficial pela morte do arcebispo. "Estou buscando um perdão em
nome do Estado", afirmou Funes ao revelar um painel em homenagem a Romero
no aeroporto internacional do país.
O
arcebispo, acrescentou o então presidente salvadorenho, foi uma vítima do que
chamou de esquadrões de morte de direita "que, infelizmente, agiram sob a
proteção, colaboração ou participação de agentes estatais".
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